sábado, 7 de março de 2009

Apenas eu...

Definições não cabem. Definir é dar uma sentença, sentenças são definitivas demais pra vida. Tem valor literal apenas pra morte. Dizer quem sou, quantifica, delimita, reduz... Eu poderia falar a nível de adjetivos que me constituem, mas não dão conta de definir, afinal, as circunstâncias os contornam, modificam sua intensidade... Bom, está aí um primeiro adjetivo: intensa em muitas situações, o que é pela metade muitas vezes não me serve. Quente ou frio: morno pode causar náuseas! Mas também pode ser remédio amargo a ser sorvido quando necessário. Complicado, né? Pois é, complicada é outra palavra, bem como volátil... Quando alguém acha que já sabe dos meus próximos passos, eu mudo a direção do pôr-do-sol. Ir, adoro ir, ir em busca, mas sempre guardo na memória o gosto da volta. O cheiro dos passos já dados. Não para repeti-los, mas para lembrar pra não fazer igual. Teimosa, determinada, perfeccionista, exigente... Ah, isso já é comum, mas não sempre... Ser instável atenua tudo isso... Guardo impressos na memória e na pele os lugares, as pessoas, tudo o que já vivi... Algumas marcas deveriam desaparecer, mas a vida não é um arquivo em que se deleta o que não se deseja mais, a psiquiatria não avançou tanto assim, graças a Deus! Alguns desejos nossos existem justamente pra não serem realizados e a abstinência se converte em força. Demente? Louca? Um pouco... Ou muito, vai saber... Pergunte a quem convive comigo. No entanto, cada um poderá falar apenas de uma pequena parcela. Encerrar aqui quem eu sou? Difícil... Um ser não se encerra, se contempla tentando compreender sua indefinição, sua imperfeição, que o torna tão humano.

2 comentários:

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  2. Oi simone! Gostei de te ver bem menos anônima! Apesar de não se definir ainda, como teu texto disse. Mas deu para entender que tu está numa fase crítica, daquelas que a gente quer botar tudo para o alto e procurar novos lugares para as velhas coisas. Palpite meu. Ou tu é assim sempre? Esse mistério todo? Essa intensidade sem nome sempre? É bom começar assim, não tentarei te definir ainda.
    O passado se foi, seria bem mais fácil Se pudéssemos fazer como no filme brilho eterno de uma mente sem memória, e apagar o que não saiu como queríamos. Ainda bem que não dá.

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